Glossário

G L O S S Á R I O / Música Eletrônica/Cultura do DJ

Editado por Cláudio Manoel e Adriana Prates (versão 2022.1) 

(anotações a partir do e-book em https://pragatecno.wordpress.com/livro-ebook)

  1. Acoustic Pressure (Pressão acústica) – Junta Dj e/ou produtor de e-music com músicos de instrumentos acústicos, principalmente percussionistas.
  2. After-hours – Festas que tem início normalmente às 4, 5…7 da manhã e se estendem até o final da manhã ou mais… e acontecem após as festas de música eletrônica.
  3. Beat – Batida, a junção do bumbo e caixa (pedal), a base do ritmo (as vezes com elementos percussivos (até em contra-tempo), acentuando o groove, a levada). Na eletrônica, além do bumbo e caixa, há claps e pratos.
  4. Back spin – Técnica do dj em voltar rapidamente o disco de vinil, tocando a música ao contrário para gerar “efeito”.
  5. Back to back (Back2Back) – Técnica do dj em tocar dois discos em diferentes “pratos” dos toca-discos voltando a um determinado ponto da faixa, prologando um beat um trecho de algum instrumento, uma textura ou vocal, buscando a fusão desses sons dos dois discos de forma sincronizada. Dj Zeca: https://www.youtube.com/watch?v=S6h3P5SoQe0
  6. O back to back pode ser entendido também como a apresentação conjunta de dois djs em revezamento de uma a 3 músicas para cada um, alternando de um dj para o outro.
  7. BPM – Batidas por minuto, a velocidade do ritmo, andamento.
  8. Breakdown – Momento de “queda” na música de pista – boa parte dos instrumentos somem, numa espécie de descanso. Momento bastante usado pelos djs para fazer fusões (mixagem) entre as músicas.
  9. CDJ – equipamento específico para realizar discotecagem com CDs. Possuem recursos como o do pitch, por exemplo. São utilizados em par, em conjunto com um mixer.
  10. Chart (top ten) – Parada de sucesso dos djs (as 10 mais…). Cada dj pode elaborar seu chart
  11.  Chill In – Aquecimento. Uma reunião de clubbers, um bar, um encontro para ouvir música eletrônica antes das festas ou saída para os clubes. Pode ser na casa de amigos.
  12. Chill Out – Relaxamento. Ambiente com música menos acelerada, um pós-agitação das pistas de dança. Pode ser na casa de amigos.
  13. Clubber – freqüentador de clubes, atuante na cena da música eletrônica de clubes/urbana.
  14. Cultura Clubber – Conjunto de manifestações associadas à cultura nos clubes noturno de dança (moda; djs, disco e house music, principalmente). Não faz necessariamente conexão com a Cibercultura. Faz-se uma associação da Cultura Clubber, em suas origens, com a época Disco, nos anos 70.
  15. “Conceito da festa” – Conjunto de ideias que norteiam a concepção de um evento e que vai marcar o line up e toda a ideia visual e de divulgação da festa.
  16. Controladora – equipamento que é acoplado a um notebook para manipular softwares específicos para discotecagem.
  17. Dj – Disc Jockey. Artista-técnico que mistura músicas diferentes ou iguais para ser ouvida e/ou dançada, usando suportes como vinil, cd ou arquivos digitais sonoros. Os djs se consolidaram com a Era Disco (década de 70) com os Disco Clubs. Mas sua origem está em meio à cena de jazz, da década de 50. Os jovens fãs de jazz compravam discos (os lançamentos, as novidades) e conseguiam se atualizar mais rápido do que as bandas locais, que tocavam em clubes. Aos poucos esses fãs de jazz, em suas sessões de radiola em suas casas, foram transformando essa prática de juntar pessoas em ambiente privado para ouvir em espaços mais públicos, como os clubes de jazz. Esses jovens que “tocavam” discos são atração menor nos intervalos entre as bandas, mas aos poucos vão ocupando lugares de destaque nos clubes e na formação do salão de dança. Talvez esteja aí essa conexão entre djing e pesquisa musical. DJ – Nomeia o artista-técnico que seleciona e executa uma sequência de músicas, utilizando discos de vinil, CDs ou arquivos digitais. O termo é uma abreviação de “Disc Jockey”, usado originalmente para nomear os profissionais de rádio, que entre uma fala e outra colocavam discos para tocar. Existem várias suposições para a origem do DJ, sobre quem foi o primeiro DJ, mas é certo que no universo da Dance Music, o termo “DJ” se consolidou na era “Disco”.
  18. Decks: equipamentos utilizados para reproduzir músicas (ex: toca discos, CDJ)
  19. Live PA – situação em que um produtor executa ao vivo faixas de música eletrônica, geralmente de sua autoria, utilizando máquinas e softwares. A sigla funciona como abreviatura do termo “Live Personal Appearance” ou “Live Performance Artist” ou ainda como Live Power Amplification.
  20. Djing – O ato de discotecar. A ação ou conjunto de técnicas do dj (scratch, mixar, remixar, back-to-back, back-spin etc) para tocar discos, publicamente, envolvendo pesquisa musical.
  21. Drum machine – Caixa de geração de beats. Groove box
  22. Fanzines – Fanactic Magazine – Revista de fãs; edição impressa de informativo, normalmente reproduzido em fotocopiadora, com conteúdo de arte e comportamento, e com tiragem limitada e distribuição direcionada.
  23. Flames – debates acalorados nas listas de discussão. Intrigas entre tribos.
  24. Flyers – Filipetas, panfletos “voadores”, repassados de mão em mão. A produção dos flyers representa uma atividade séria dentro da Cena da Música Eletrônica, pois repassa o conceito da festa, da rave, através da imagem, cores e programação visual. Originado nas Acid House Parties (Inglaterra, final dos anos 80)
  25. Freebies – “Presentinhos-surpresa” dados ao público de um evento. Normalmente patrocinados.
  26. Groove – A “levada” na música, é o encontro de sons percussivos (baixo, percussão etc.) com as batidas (os beats). É o todo-junto na construção do ritmo.
  27. Groove Box- Caixa de ritmo, máquina que produz beats, texturas e linhas de baixo. (Drum machine)
  28. Hostess – Pessoa que cumpre a fução de relações públicas num evento, recepcionando os espectadores e apresentando estes a proposta do evento. Em geral apresenta figurino compatível com o conceito do evento.
  29. LJ – Light Jockey. O dj da luz. Muito mais q um iluminador de pista, o lj entende a luz como forma de gerar novas sensações na pista de dança.
  30. Laptop djs – Djs que “tocam” com computadores com softwares que simulam mixer, misturando arquivos mp3 ou wav. Hoje, há softwares manipulados por controladoras, inclusive utilizando disco de vinil como controladores.
  31. Live Act – É a performance, a apresentação ao vivo, do grupo ou do músico eletrônico em clubes, festas e raves.
  32. Live PA – Geralmente com dj-produtor e músicos com instrumentos elétricos e acústicos.
  33. Loop – repetição infinita de um trecho sonoro (pode haver também um loop de vídeo).
  34. Lounge – Não é gênero musical. É um ambiente com música para relaxar, sem pista. Dj de lounge é aquele que toca gêneros mais para ouvir (não pista), como ambient music, new jazz, new bossa, acid jazz… e com volume sempre mais baixo, para permitir as pessoas conversarem.
  35. Low technology – Tecnologia simples. Instrumentos de produção os quais não são de “ponta”. Flyer produzido em fotocopiadora é produto low technology. Um instrumento musical tecnológico vintage, antigo estaria mais para “baixa tecnologia” do que para tecnologia de ponta. É possível que, com uma tecnologia avançada (softwares, por exemplo), se produza sons que remetam à baixa tecnologia. Por exemplo: criar uma trilha sonora em software usando timbres de telefone analógico, ou sons de games antigos (Mario). Pedais de efeitos caseiros são low technology.
  36. Mainstream: o mercado massivo do consumo, ligado aos meios de comunicação de massa; o oposto de Underground, que aposta na segmentação, pouca circulação, experimentação e espírito de comunidade e cultura identitária. Mainstream  é a parte pop da cena cultural. O mercado massivo do consumo, ligado a estratégias de comunicação de massa. Vale lembrar que segmentos mais alternativos também constituem mercados, que muitas vezes são apropriados por este “mercadão”.
  37. Mashup – Sobreposição de 2 ou mais músicas.Trabalho criativo originado pela cultura da música eletrônica. O conceito é também aplicado hoje à produção audiovisual, com a sobreposição de trechos de 2 vídeos.
  38. MC – Microfone Commander ou Master of Ceremony. Usa-se mais mestre de cerimônia. É mais presente na cena dub e hip hop. É aquele que fala, comenta, diz a letra sobre uma base eletrônica, atuando ao lado do Dj.
  39. Mixer – equipamento que recebe o som dos decks e os envia para o PA. Possui dois ou mais canais de áudio, que possuem comandos de volume e para ajuste de frequências. A utilidade do mixer é a de juntar o som de todos os canais, possibilitando que sejam ouvidos ao mesmo tempo. Utilizando os botões de volume, o DJ envia para o PA o som do (s) canal desejado(s) e no momento da mixagem pode deixar as duas músicas tocando ao mesmo tempo, enquanto opera a transição.
  40. Mixar – Misturar. Na técnica do dj, significa juntar as batidas de diferentes músicas na mesma velocidade, nas mesmas bpms, buscando uma fusão ou uma passagem de uma música para a outra. Mixar –Técnica de igualar as bpms de duas (ou mais) músicas que estão tocando simultaneamente, usando os bumbos e caixas como guias, para fazer a transição de uma para a outra, gerando a impressão de continuidade.
  41. PLUR – Iniciais em inglês das palavras Peace, Love, Unit, Respect (Paz, Amor, União e Respeito). Trata-se de uma expressão criada pelo DJ inglês Frankie Bones em 1992 e que sintetiza todos os conceitos da cultura da música eletrônica, com gente de todos os tipos e crenças, misturada num ambiente de alegria e música, na festa eletrônica. Faz parte da Cultura Rave.
  42. Promoter – Responsável pela concepção, promoção, divulgação e organização de uma festa. Trabalha com o Door (pessoa responsável pela portaria) e o Hostess (que recepciona os convidados dentro da festa). Essas duas funções são importantes porque funcionam como o Relações Publicas da festa, como a “cara” do conceito da festa.
  43. Pitch – Recurso (botão) para acelerar/desacelerar a velocidade da execução da música. Normalmente +8 até -8. Disponível em toca discos, CDJ, controladoras, enfim, equipamentos para DJ, com a finalidade de acelerar/desacelerar a velocidade da execução das músicas. Costuma ser utilizado para colocar duas músicas na mesma velocidade (bpm), para realizar a mixagem.
  44. Rave – Festas em ambientes abertos (praias, sítios, fazendas…) ou em galpões, sempre fora do perímetro urbano.
  45. Raver – Freqüentador de raves.
  46. Remixar – Inserir batidas e elementos de estilos eletrônicos como House, Techno ou Drum and Bass, por exemplo, em uma música. Remix – Música reeditada em novo estilo, em novo tipo de batida. Uma versão, onde são inseridos batidas e outros elementos de estilos eletrônicos como House, Tecno ou Drum and Bass, por exemplo, criando um novo original.
  47. Sample – Trecho retirado (recortado) de uma música para usar em outras faixas. Na verdade isso pode ser feito com outros tipos de som, como batidas isoladas, instrumentos ou ruídos, por exemplo. Sample – Trecho retirado (recortado) para posterior colagem a outros trechos (podendo ser voz, batida… a idéia de sampler se expandiu para outros formatos, como imagens (gráficos fixos e vídeos), textos…
  48. Sampler – Máquina utilizada para retirar, recortar trechos sonoros (samples) e adequar ao andamento da faixa onde serão inseridos.
  49. Scratch – Técnica do dj em “arranhar”, “riscar” o disco, voltando-o e adiantando-o rapidamente com a mão e fazendo ruídos com intuitos percussivos.
  50. Selecta – É o artista que faz a função do djing (tocar música para o púbico em toca-discos) selecionado as músicas sem a obrigação de mixar. Este termo está ligado à cena Dub/Reggae.
  51. Sequenciador. Programa ou máquina que sequência sons obedecendo uma programação.
  52. Set mixado – gravação da sequência de músicas encadeadas por um DJ, que geralmente é disponibilizada como forma de divulgação do seu trabalho.
  53. Softwares de discotecagem – programas de computador (Ex: Serato, Traktor, Virtual DJ) que simulam a atividade dos CDJ (ou toca-discos) e do mixer. Geralmente são instalados em um notebook e utilizados em conjunto com uma controladora, embora possam ser operados diretamente no computador.
  54. Softwares de produção – programas de computador que permitem criar faixas de música eletrônica, como, por exemplo, Live Ableton, FL Studio… Possuem geralmente um banco de dados básicos contendo timbres de instrumentos musicais, batidas e inúmeros geradores de efeito. Com esses softwares é possível gerar batidas, recortar e utilizar samples para criação de novas faixas ou de remixes. O usuário também pode acrescentar novos elementos ao banco de dados pré-existente, criando assim uma biblioteca personalizada e original.
  55. Sound System PA (public address (PA) system / Parede Acústica): Basicamente o conjunto formado pelas caixas de som e amplificador, que tem a finalidade de amplificar e reproduzir o som.
  56. Sync – função existente em alguns CDJs e controladoras, assim como nos softwares para discotecagem, que permite sincronizar automaticamente as BPM das faixas.
  57. Toca disco – aparelho para reproduzir discos de vinil. Existem modelos específicos para a discotecagem, com recursos como o do pitch, por exemplo. Na discotecagem são utilizados em par, juntamente com um mixer. No Brasil, são também chamados de “pick ups”
  58. Toaster – Podemos pensar como a pessoa que fez a “atividade pai” do MC (mestre de Cerimônia) do rap. O Toaster é quase um pregador, pois conversa com seu público com uma música (batida) ao fundo, tocada pelo dj ou músico acústico. Um beat em loop, normalmente instrumental, cria  um clima para a “pregação” Fala-se que esse método de toasting “tem origem nos griots[1] das tradições calipso e mento do Caribe. As letras podem ser improvisadas ou pré-escritas.”[2] O fortalecimento dos toasters acontece principalmente na Jamaica, onde os rappers jamaicanos podem ser chamados toasters. U-Roy é pioneiro na cena pop.
  59. Track – música, faixa.
  60. Trackers – software para montagem/remontagem de trilhas musicais.
  61. Underground – Aquilo que está escondido, submerso, à margem, emergente. Mas no campo da arte, essa palavra assume outra conotação. É o que não está vinculado aos interesses do mercado de consumo tradicional e massivo, o “mainstream”, meramente comercial, sem preocupação com a experimentação artística ou com as culturas “alternativas”.
  62. VJ – Video Jockey – O mixador de imagens em tempo real, pessoa que utiliza um banco de dados de imagens sampleadas de filmes, clips, fotos etc ou imagens autorais e ou ao vivo e mistura essas imagens durante a exibição em telão ou monitores, como forma de conectar a visualidade com o trabalho do dj. O dj das imagens.

[1] “Griô[1] (em francês: Griot), ou griote na forma feminina,[2] (…) é o indivíduo que na África Ocidental tem por vocação preservar e transmitir as histórias, conhecimentos, canções e mitos do seu povo. Existem griôs músicos e griôs contadores de histórias.[3][4]. Ensinam a arte, o conhecimento de plantas, tradições, histórias e aconselhavam membros das famílias reais.” https://pt.wikipedia.org/wiki/Gri%C3%B4

[2]    “O toasting foi usado em várias tradições africanas, como griots cantando sobre uma batida de tambor, bem como nas formas musicais dos Estados Unidos e da Jamaica, como ska, reggae, dancehall e dub; também existe no grime e no hip hop vindos do Reino Unido, que normalmente tem muita influência caribenha. O toasting também é frequentemente usado na música soca e bouyon. A tradição oral afro-americana de brindar, uma mistura de conversa e canto, influenciou o desenvolvimento do Mcing na música hip hop dos Estados Unidos. A combinação de canto e toasting é conhecida como singjaying.” https://pt.wikipedia.org/wiki/Toaster_(m%C3%BAsica_jamaicana)

Um comentário

  1. Gostaria de parabenizar a equipe Pragatecno que há muito tempo faz um trabalho excelente de divulgação da E-music na região norte e nordeste.

    Sou de São Paulo e amante da e music no Brasil desde o ínicio dos anos 90 (quando o conceito de rave era beeem underground), além de dj (nas horas livres). Meu tcc é um glossário sobre cultura e música eletrônica. Torço para que no Brasil a gente possa contar com mais colaboradores para divulgar de forma positiva esta cultura tão maravilhosa.

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